POEMA DE NATAL Vinícius de Moraes Para isso fomos feitos: Para lembrar e sermos lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o que foi dado Dedos para cavar a terra. Assim será a nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer Uma estrela a se apagar na treva Um caminho entre os túmulos - Por isso precisamos velar Falar baixo, pisar leve, ver A noite dormir em silêncio. Não há muito que dizer: Uma canção sobre um berço Um verso, talvez de amor Uma prece por quem se vai - Mas que essa hora não se esquece E por ela os nossos corações Se deixem, graves e simples. Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre Para a participação da poesia Para ver a face da morte - De repente nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem; da morte, apenas Nascemos imensamente.
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"O trabalho anônimo que uma pessoa boa faz é como um filete de água passando escondido abaixo da superfície, secretamente tornando o terreno verde." Thomas Carlyle (1795-1881) escritor escocês
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